![]() Parece um contrassenso juntar as palavras mentira e certificações ou mentira e Qualidade. Um certificado deveria atestar a veracidade no cumprimento de um conjunto de requisitos, a Qualidade de um produto ou serviço. No entanto, a realidade é que os certificados, que deveriam comprovar a conformidade com determinados referenciais, estão, frequentemente, a ser manipulados para enganar o mercado. Os certificados são emitidos com base em auditorias, inspeções e ensaios, geralmente realizadas pelo método de amostragem; significa isto que os auditores escolhem amostras representativas do produto a ser certificado. No entanto, existem diferentes métodos de amostragem: alguns seguem regras normativas independentes e rigorosas, enquanto outros podem seguir as regras estabelecidas pelo próprio fabricante, por laboratórios ou entidade certificadora, por vezes de rigor duvidoso. Quando as regras são estabelecidas pelos próprios interessados (fabricantes, laboratórios ou certificadoras), então o mercado está totalmente dependente da idoneidade e do rigor dos mesmos: nesses casos, como garantir ao mercado consumidor a independência, idoneidade e rigor do resultado da certificação? As mentiras são fáceis de contar… Amostras irreais - Em alguns processos de certificação, o fabricante pode selecionar e preparar as amostras que serão enviadas para o laboratório. Isso abre espaço a que alguns fabricantes preparem amostras de "especial” qualidade que em nada representam a produção standard real do produto. Certificações superficiais - Existem certificações que verificam a capacidade de uma empresa de produzir consistentemente com a mesma qualidade. No entanto, há também "certificações" que não avaliam essa capacidade, baseando-se apenas em aspetos superficiais e, como resultado, uma empresa é detentora de um certificado de produto baseado em amostras representativas de algo que ela próprio não produz.
Dificuldade em distinguir a verdade da mentira Não existe um detetor de mentiras para certificados e por vezes é complicado para alguns identificar o engodo. E nem sempre é por desconhecimento: - A realidade é que existem fabricantes que vivem com certificados enganosos que investem em confundir o mercado, ludibriando os seus clientes e não só; - A realidade é que existem entidades certificadoras que, para assegurarem o seu negócio facilitam em demasiado os referenciais e os processos de verificação de conformidade de produto e de produção; - A realidade é que existem laboratórios que ensaiam UMA amostra e emitem relatórios de ensaio que mencionam "produto” ou "produção”; - A realidade é que existem laboratórios e entidades certificadoras que não especificam os requisitos verificados e as medições feitas, ou que não indicam claramente a que material se referem. Por exemplo, um certificado que apenas menciona o método de ensaio sem detalhar os resultados, ou um certificado que não especifica se o material é vinil, plástico rígido, acrílico ou PVC. As certificações duvidosas criam um manto de nevoeiro sobre um processo que deveria ser claro, transparente e verdadeiro. Isso pode levar à perda de confiança do mercado, danos à reputação das empresas e uma perda de confiança nos processos de certificação, em especial pelas entidades legisladoras e fiscalizadoras. Além disso os consumidores desses produtos incorrem no risco real significativo do não cumprimento dos requisitos aplicáveis e, o mais importante: no eventual não funcionamento de um produto que é suposto existir para garantir a segurança de pessoas e bens. |